Viajar para o Peru é um grande sonho que irei realizar, mas acho uma tarefa difícil explicar como surgiu essa paixão que tenho pelo Peru - pode ser pelo fato de ser um país que apresenta uma infinidade de coisas que aprecio muito, tais como uma rica arqueologia, uma história que desperta minha atenção, artesanato de muita cor... Posso afirmar que, quando cursei alguns períodos do curso de História, vi minha curiosidade e vontade de aprender e conhecer o Peru se elevarem. Na verdade, minha paixão é pela América Latina em toda a sua extensão e diversidade. Portanto, viajar para o Peru será o primeiro passo de muitos outros que me levarão a conhecer toda a América Latina. Será uma longa e fantástica caminhada!
Quero presenciar, ver, tocar, sentir, respirar toda a emoção que certos autores latino-americanos me despertam em suas obras, por exemplo Eduardo Galeano, autor do conhecido livro "As veias abertas da América Latina" e, também, autor de diversas outras obras, como "O Livro dos Abraços" (livro que ganhei de presente de um amigo muito especial, pessoa a qual nunca me esquecerei, apesar de está bem distante de mim). O "Livro dos Abraços" me emociona, me apaixona, me revolta e me alegra, me faz feliz.
"Os ninguéns
As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, e sim folclore.
Que não tem cara, têm braços.
Que não tem nome, tem número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata."
(Trecho de "O Livro dos Abraços", de Eduardo Galeano)
Quero conhecer todos esses "ninguéns" que com sua cor, música, culinária, história, poesia despertam o interesse de um certo "alguém"!